Polícia de São Paulo pede prisão do empresário Saul Klein por crimes sexuais

No inquérito, que está em segredo de Justiça, a polícia indiciou o empresário, de 68 anos, e nove funcionários dele por sete crimes contra mais de uma dezena de mulheres.

A polícia de São Paulo indiciou e pediu a prisão preventiva do empresário Saul Klein e mais nove pessoas por crimes sexuais contra mais de uma dezena de mulheres.

A Justiça de Barueri, na Grande São Paulo, vai decidir se o empresário Saul Klein, de 68 anos, e nove funcionários dele serão presos ou vão responder ao processo em liberdade.

No inquérito, que está em segredo de Justiça, a polícia indiciou o grupo por sete crimes: organização criminosa, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, favorecimento à prostituição, manter casa de prostituição e promover trabalho análogo à escravidão.

Em dezembro de 2020, algumas mulheres, ouvidas pelo Fantástico, deram detalhes das festas promovidas por Saul Klein.

“A gente tinha que falar com voz fina, vozinha de criança. Tinha menina que tinha que andar de boneca pela casa.”

“As novatas ficavam bem chocadas, não podiam ir embora, a casa era cercada de seguranças e muros.”

As vítimas relataram à polícia abusos sexuais. Uma das moças disse: “Algumas meninas usavam medicamentos e misturavam com álcool, propositalmente, para aguentar a loucura.”
A investigação concluiu que Saul Klein coordenava quatro grupos de pessoas envolvidas nos crimes. A polícia apurou que oito mulheres selecionavam as moças; dois funcionários falsificavam documentos quando as candidatas eram menores; oito homens faziam o transporte e a segurança das vítimas entre o escritório e duas mansões do empresário; e dois médicos – um cirurgião plástico e uma ginecologista – cuidavam das jovens.

A advogada Priscila Pamela dos Santos defende 14 vítimas.

“Como elas eram muito vulneráveis economicamente, era uma forma de mantê-las ali sob domínio. Nenhuma delas desenvolvia atividade de prostituição nem uma atividade sexual remunerada. Elas eram chamadas para prestarem serviços em eventos e aí quando elas ingressam num quarto é que é ‘opa, do que se trata isso tudo?’”, diz.

A defesa disse que Saul Klein reafirma que ele nunca cometeu crime algum, que o indiciamento e o pedido de prisão divulgados na quinta-feira (28) são atos discricionários da autoridade policial, que não vinculam os demais atores processuais. A defesa disse ainda que tanto Saul Klein quanto sua defesa técnica respeitam o posicionamento da delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri, mas entendem que a análise atenta e isenta dos elementos colhidos na investigação levará o Ministério Público e o Judiciário a concluírem por sua inocência.

O empresário Saul Klein é filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia. A Via, atual proprietária da empresa, disse que Saul Klein nunca possuiu qualquer vínculo ou relacionamento com a companhia. Saul vendeu sua parte societária na rede de lojas em 2009. A Via assumiu a gestão só em 2010. A companhia informa, ainda, que é uma corporação sem acionista controlador ou bloco de controle definido.

By Alessandra Gomes

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