Gestão Tarcísio sanciona lei que dá nome de coronel da ditadura militar a viaduto no interior; PUC-SP e Comissão Arns repudiam homenagem

Militar Antônio Erasmo Dias ficou conhecido por ser o responsável pela repressão ao movimento estudantil em 1977 enquanto era secretário de Segurança Pública. Nome será dado a viaduto que fica em Paraguaçu Paulista.

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancionou o projeto de lei do então deputado estadual Frederico D’Ávila (PL) para que um viaduto da rodovia Manílio Gobbi, que fica em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo, seja rebatizado com o nome “Deputado Erasmo Dias”, um dos expoentes do período da ditadura militar no Brasil (veja mais abaixo quem foi Erasmo Dias).

Como Tarcísio estava em um fórum jurídico em Portugal, a sanção foi assinada pelo vice-governador Felício Ramuth (PSD) na última terça-feira (27) e publicada no Diário Oficial na quarta-feira (28).

A proposta de Frederico D’Ávila foi apresentada em 29 de setembro de 2020.

Um dia após a sanção, a medida foi repudiada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A missão mais polêmica do militar e ex-parlamentar foi justamente o cerco aos estudantes da PUC em setembro de 1977.

Na época, Erasmo era secretário de Segurança Pública do Estado. Ele prendeu 900 alunos e os levou para o quartel da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e para o Dops, a polícia política. A tropa de choque explodiu bombas contra os manifestantes, que pretendiam refundar a União Nacional dos Estudantes (UNE).

“É inconcebível homenagear-se um eminente fascista que durante a ditadura militar, como secretário de segurança de São Paulo, notabilizou-se pela repressão e tortura física a todos aqueles que erguiam as suas vozes contra o arbítrio. Na PUC-SP ainda são sentidos os ecos da truculenta invasão do campus Monte Alegre, em 22 de setembro de 1977, que deixou sequelas em diversos estudantes, prendendo e humilhando centenas de alunos, professores e funcionários da universidade”, diz a nota de repúdio.

“Naquele momento a PUC-SP, através de sua reitora #NadirKfouri e de toda comunidade universitária, respondeu à altura à malfadada ação. E hoje, quando expoentes da direita e do fascismo tentam reviver esses momentos, que se constituíram em uma das páginas mais infelizes de nossa história, é preciso que nossa resposta seja clara e contundente. Nenhuma homenagem a torturadores! Não ao fascismo! Ditadura nunca mais!”, ressalta a universidade.

Em nota, o governo de SP informou que “o referido projeto de Lei, de autoria parlamentar, foi analisado do ponto de vista técnico e jurídico nos termos da Lei Nº 14.707, DE 08 DE MARÇO DE 2012. Em relação à carta da PUC, ela foi recebida nessa quarta-feira (28), às 11h28, posteriormente à promulgação da lei, e segue os trâmites para a resposta ao emissor”.

Carta ao governador
A Comissão de Defesa de Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns enviou uma carta ao governador na quinta-feira (29) para que a lei fosse anulada.

By Alessandra Gomes

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