Das chuteiras à navalha: jovem abandona pré-contrato com time de futebol para se tornar barbeiro

Lucas de Oliveira Reginaldo, de 25 anos, morador de Itupeva (SP), desistiu do sonho de ser jogador de futebol para se tornar barbeiro, usando a maquininha do avô como primeiro instrumento de trabalho. Atualmente, o jovem ganhou o título de melhor barbeiro em um concurso na capital.

Com um contrato pré-assinado para se tornar jogador de futebol profissional, Lucas de Oliveira Reginaldo, de Sorocaba (SP), decidiu abrir mão desse sonho para ir em busca de um destino que ainda era desconhecido: tornar-se barbeiro. Sua habilidade com tesouras e navalhas foi reconhecida recentemente, quando ele venceu um concurso de melhor barbeiro em São Paulo, no mês de agosto.

No Dia do Barbeiro, comemorado nesta quarta-feira (6), o jovem de 25 anos contou ao g1 como foi o início de sua jornada na área. Ele explicou que a decisão de abandonar o futebol foi motivada pela preocupação de que isso agravaria o alcoolismo de um parente.

“Dois meses que desisti, o meu avô faleceu. Neste mesmo tempo, meu cunhado ficava me incentivando, porque ele cortava o próprio cabelo, e ficava pedindo para eu cortar o cabelo dele, e acabei criando um sentimento ali”, lembra.

Após a perda de seu avô, Lucas, que estava morando em Boituva (SP) na época, voltou para Sorocaba, sua cidade natal, sem ter perspectivas profissionais claras. Foi nesse momento que algo inesperado aconteceu.

“Não sabia o que fazer da minha vida, trabalho nenhum estava dando certo. Quando eu olhei para cima perguntando para Deus o que eu ia fazer da minha vida, a maquininha que meu avô usava para cortar o próprio cabelo estava em cima da estante, e eu tive aquilo como um sinal”, lembra com emoção.
Após essa revelação, Lucas pediu autorização à avó para usar a máquina e iniciar sua carreira como barbeiro. Ele fez a promessa de seguir esse caminho até dar certo – e deu.

Após enfrentar uma série de insucessos em concursos de barbeiro, Lucas relata que, quando foi convidado a participar do Copa Barber, sentiu uma ansiedade por competir com alguns dos melhores barbeiros da cidade de São Paulo.

“Eu já vinha batalhando, mas nunca conseguia chegar onde era para eu chegar. Eu sabia que tinha talento, mas sempre pecava em alguma coisa. Então eu fui treinando para me aperfeiçoar. E, coincidentemente, eu acabei estando lá no pódio junto com os barbeiros que me inspiravam a batalhar”, conta.
Lucas, que hoje mora e trabalha em Itupeva (SP), se sente profundamente satisfeito por receber reconhecimento pelo trabalho que começou nos fundos de sua casa, com recursos limitados, há mais de cinco anos. Ele já concluiu 14 cursos e se formou como educador mestre e instrutor de barbeiro.

“Eu me sinto realizado porque a gente trabalha muito, a gente se dedica muito. Eu mesmo me dediquei muito, treinei bastante, não foi algo que aconteceu do dia para a noite. O resultado do meu trabalho lá no dia [do concurso] superou as minhas expectativas”, completa.

Para Lucas, eventos como esse são cruciais para o reconhecimento de sua profissão, que está evoluindo de um simples emprego para algo mais significativo. Ele enfatiza que as pessoas estão começando a perceber que a imagem e o ato de cortar cabelo não são apenas serviços comuns.

Atualmente, o jovem está se inscrevendo para o World Barber Championship, um evento no qual competirá com barbeiros de todo o Brasil, e ele espera mais uma vez alcançar o sucesso.

 

By Alessandra Gomes

Deixe um comentário

Confira!